quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pós-estruturalismos e delírios católicos ou místicos; comme tu vê.



Nélio era um psicanalista que se cansava às vezes. Mais uma terça feira de mais uma semana. E ela continuava ali. Ultima paciente do dia. Como todos os três dias da semana em que ele a atendia. Ela continuava com a neurose obssesiva da rejeição - sempre em seus termos porque aqui não se cabe pensar no que é certo – ela jogava todas as suas escolhas em cima daquela primeira rejeição. Era sempre o outro a não dar conta dela, e ela ó coitada, tentava tudo o que era CERTO para ser amada. Mesmo que ela mesma, não amasse, no fundo.
Por vezes ela podia ficar bem histérica. Talvez fosse esse o motivo dos últimos cansaços de Nélio. Conter uma crise de histeria lhe era exigente. Como se o psicanalista tivesse que dar um pouco do seu equilíbrio para aquela pessoa ali, que lhe pede qualquer mínima paz. Vai um tempo para a recomposição. Mas ela, era incansável. Ainda com certa compreensão, fez questão de anunciar pra Nélio sua sensibilidade em relação ao cansaço dele, chamados por ela de distância e quietude. Nélio ria sempre nessas horas. Quando pensava em seu crescimento como analista, Nélio sempre agradecia quando aprendera que o riso era definitivamente o melhor remédio para todas as horas. Claro que a habilidade de poder rir nas horas certas tinha vindo com a longa experiência dos tantos anos de divã. Seus e de seus pacientes. Ela estava prestes a entender que tudo tinha acabado. Nélio vinha tentando esse dia há tempos, Mas o que a cabeça pode fazer com as pessoas! Numa das sessões difíceis, Nélio precisou mostrar pra ela o quanto suas atitudes eram um desafio para sua tão grande inteligência. Ela era sim extremamente inteligente. O que muitas vezes dificultava o trabalho de Nélio. Não só inteligente, também muito sensível. Segundo explicações que ela própria apresentava a Nélio, isso era devido ao seu sol em escorpião e sua lua em aquário. Parece que segundo a astrologia, isso era uma mistura intensa de intuição e sensibilidade e uma inteligência racional para além do comum. Não só isso, para ela, a mistura astrológica trazia-lhe a missão revolucionária. Uma Joanna D’arc na fogueira da lenha das florestas brasileiras sendo irracionalmente destruídas por aqueles seres menores do que ela. Que ela sempre denominava, Os humanos.

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