domingo, 29 de abril de 2012

já você

já você, que me dói
acho que já era
era,
hera,
eros,
éramos,
heroínas
comunicações confusas
valores díspares
comunhão intíma
do amor insólito
das cobras

grande
você
gente
agora
eu,
memória
dos tempos
em que o amor
era possivel
a vida risível
as avenidas vazias
os bares nossos
os vinhos toscanos
as luzes candeias
as musicas a estourar caixas de som

encantos

você, encantada, dorme
e eu, colocando-te nesse
risco
de querer me saber
sendo que nem eu,

hoje você presenciou minhas dores
e agora?
devia eu ter dissimulado?
mas tua pele
teu cheiro

 encantada,
elaboro
ter-te em minha cama,
agora
lin-da

terça-feira, 10 de abril de 2012

#parad-oc(i)os


eu buscando independencia
você buscando aprender a lutar pelos seus
quanto adeus

e deus,
o que sabe tudo
disse-nos para que não nos amássemos
porque duas

e não temos escolha
temos o livre arbitrio,
ainda assim

e na biblia,
assim como em nós
o que se diz
desdiz-se
porque um livro tão belo sobre a vida
não poderia ser nada menos
que metonímia
do paradoxo
dessa


e se for tudo reação?
reagir é preciso,
diriam Buda, Jesus, Gandhi, Nietzsche, Woolf, Clarice
Paulo Coelho
assim como dar-se é preciso,
e todos acima também diriam isso
porque tão paradoxais
quanto
a vida

o problema é, penso eu,
o equilibrio
e nesse sentido
mal-fadadas as almas intensas

tudo visto em preto ou branco
agora ou nunca
pra sempre
ou fim

consequência do pensamento dual dos
modernos, sólidos, dissimuladores do controle

sejamos pós,
pós modernas
descontroladas
descabeladas
arrasadas
recuperadas
lições tomadas
mais alguns momentos perto das vacâncias
apre-endendo pela elegância
da verdade dita
mesmo que o nome da verdade seja
#mentira

o abismo
lembra?
você olha pra ele
ele olha pra você
e então somos um
e do caos quantico das energias trocadas
voltamos
pra nossos eus
agora já outros
já que trocas
já que bocas
já que costas

que venha o choro
somos liquidas
e melancolicas
colicas
fluidos
medos

resposta pra nada
#há

"Místico, todo depressivo encontra na dor e nas lágrimas a região inacessível da beleza integral" (Kristeva, 1989)

"A bílis negra (Melaina kole) determina os grandes homens. A reflexão (pseudo-)aristotélica aplica-se ao éthos périton, a personalidade de exceção, a qual a melancolia seria específica" (Aristoteles apud Kristeva, 1989:14)

"melancólico por superabundância de humanidade" (A melancolia do homem genial, Kristeva 1989:14)

"o desesperado torna-se um hiperlúcido por anulação da denegação" (ibid, 53)

"o melancólico, com o seu interior pesaroso e secreto, é um exilado em potencial, mas também um intelectual capaz de fazer brilhantes construções...abstratas." (ibid, 64)

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