sábado, 31 de outubro de 2009

feri - a - do.

Não aguento mais, ler os filósofos, escutar os filósofos, assistir aos filósofos.
alguém entende verdadeiramente o que se passa aqui, dentro de mim?
e já entendi que só eu, com minha pratica experiencial de minha vida poderei chegar a alguma conclusão sobre o que me serve.
Enfim, dias difíceis.

E ainda cabe a simples explicação de que é porque eu troquei de psicotrópico.
Sim, acredito nisso.
Mas e aquele sentimento que só me deixa viver com psicotrópicos?

sempre acho que Huxley tinha razão.Vivemos a época do soma.
Soma rivotril com paroxetina, psicanálise, terapia corporal e talvez vc consiga um pouco de paz.
No meu caso, bem pouco.

Alguns sugerem que eu seja bipolar, dada as diferentes maneiras como reajo às mesmas coisas.
Como se existissem as mesmas coisas.
A agua do rio nunca passa duas vezes, por mais que tenha sempre a mesma cor, intensidade, fluxo.
Não é a mesma.
Porque tudo é um contexto, e nesse contexto está incluido, ao menos:
estado psiquico, estado físico, estado das coisas, estado do céu, estado dos outros.
e tudo é dinâmico.

aff
surfamos sempre ondas diferentes e isso me enlouquece,
ainda que saibamos (?) que existirão sempre ondas e que possamos inclusive identificar ondas muito parecidas,
vez ou outra, em pleno seculo XXI, ainda somos assolapados por tsunamis.
Isto é...eu não sou bipolar. Sou no mínimo multipolar, pluripolar, sou fluida.

e como dói. porque muitas das vezes, escorro de mim mesma e vou para onde não existo, e me angustio, me perco.
crio então rótulos, que duram minutos, horas, dias, depende de onde estiver apoiada, numa tentativa de fixação, direcionamento.
mas a la mario bros, ou deleuze, como quiserem, o platô sempre afunda e lá sou eu, buscando outra plataforma again.

atualmente ando envolta por lustre, absurdo, freud, yoga, cachorro, ginástica e sim, psicotrópicos.
e ainda assim não dá. às vezes não vai.
e tenho medo, medo de não aguentar, medo de desistir e naufragar.

preciso de outra mudança, brusca.
e dizem que eu deveria escrever
e que escrever se aprende escrevendo obssessivamente.
obssessiva eu sou,
diagnosticada.
agora escrever, é outra história.
e dói de novo.

achei que eu era feita pra fazer dinheiro.
e eis que descubro que não
aliás, sempre soube e agora aceito
e serei eu feita pra fazer o que então?
poesia?
mas nem ler poesia eu sei, aff.

e estou a matar meu pai
e minha mãe
e que fodam-se eles, então

eu sou lésbica, bi, antipática, ansiosa obssessiva compulsiva, ex-alcoolatra, ex-maconheira, doce, carinhosa
inteligente, burra, esportista, empreededora, empresária, preguiçosa,
matemática, desafinada, música,
triste, deprimida, comediante, trágica
revolucionária, revolucionária, revoltada
justa, intolerante
dificil,
amiga,
leal,
traiçoeira,
inocente,
hipócrita,
loba,
escritora.






2 comentários:

  1. E por ser tão parecida e tão diferente, às vezes eu acho que te entendo. Pelo menos eu sinto assim.
    E o que eu te diria hoje é: sinta mais, E pense um pouco de menos (por mais difícil que seja). Deixe a filosofia de lado por um tempo, e vamos para a Clash banalizar de leve essa breve existência. Pode fazer bem.
    Um beijão.

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  2. profa, nessa vida somos dependentes de muitas coisas. mas não se esqueça que toda a realidade e todas as realidades são ilusão. os nosso sentidos nos enganam e o que nos caracteriza não é o que nós somos, mas a nossa capacidade de interferir nas mudanças que vão rolando com a gente. somos todos poetas feitos pra fazer dinheiro e mutantes eternamente. adorei o texto, bejão e espero ter a senhora novamente na AM1BAV nesse próximo semestre.

    Pedro

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